domingo, 11 de outubro de 2015

11 de outubro de algum ano qualquer...



     Vejo você do outro lado da rua segurando um copo de café, a cada vez que vejo você levando-o até seus lábios imagino que esteja tentando aquecer e acalmar cada canto da sua alma.
      Acompanho você com os olhos, observando cada detalhe seu; o all star surrado, a camisa grande demais pra você e o short quase todo coberto por ela. A mochila cheia de bottons, a maneira como morde os lábios e franze a testa pensando em algo ou tentando esquecer algo. Bom, não sei ao certo, ainda não consigo ler pensamentos... mas queria poder ler os seus.
    Você entra no café, passa por mim e nossos olhares se encontram, você pede outro copo cheio desse líquido preto, quente, e que tem um cheiro e sabor acolhedor, e eu fico me perguntando se é necessário tanta cafeína assim pra te deixar bem.
    Talvez realmente seja. Talvez você precise da cafeína da mesma maneira que algumas pessoas precisem de álcool ou drogas pra se sentir bem. Você coloca seus fones e se encosta numa das mesas, confesso que sinto vontade de ir até você e falar que tudo vai ficar bem, dá pra ver nos seus olhos que você tenta se manter afastada do mundo, totalmente mergulhada na sua própria bolha, então percebo que você tirou um livro de dentro da mochila, você senta na cadeira, abre o livro e eu vejo que está ali o seu mundo, o mundo das histórias incríveis, que misturadas ao sabor do café que aquece a sua alma, e constrói uma bolha ao seu redor, uma bolha na qual ninguém vai entrar pra bagunçar tudo o que você demorou anos pra arrumar.
    E com os olhos nos livros, e o sabor do café nos lábios, você vai deixando-o te preencher por dentro...

Um comentário: